Fórmula matemática previu atual onda de protestos há um ano
Estudo descobriu a ligação entre todas as manifestações recentes – e diz
onde ocorrerão as próximas.
Manifestante arremessa coquetel
molotov durante protesto em Kiev: levante na Ucrânia estava previsto em estudo
matemático
São Paulo – Em
2013 e 2014, mais uma onda de intensos protestos tomou
conta do mundo: Ucrânia, Venezuela, Tailândia, Síria, Filipinas,
Egito, Brasil etc.
Antes, em 2011,
várias manifestações também tinham eclodido ao mesmo tempo: Egito, Líbia, Tunísia,Síria, Iêmen etc.
Mas será que esses
levantes sincronizados, em países tão díspares, são apenas coincidências?
Segundo um estudo
matemático, não.
Em 2011, teóricos
dos chamados “sistemas complexos” do New England Complex Systems Institute levantaram
uma hipótese: a alta do preço dos
alimentos poderia ser um fator predominante na eclosão dos
protestos.
Então Yaneer Bar-Yam, presidente e estudioso do instituto, cruzou
dados da ONU sobre o preço dos alimentos com 210 protestos que
tinham acontecido ao redor do globo nos anos recentes.
A descoberta: a escalada de protestos de 2008 e 2009 se deu
justamente na crise econômica mundial. Em 2011, por sua vez, a Primavera Árabe aconteceu
também em um momento de inflação.
Como é possível ver no gráfico a seguir, são nos
momentos em que o preço dos alimentos no mundo mais sobem que a maioria dos
protestos acaba eclodindo, como uma grande onda que se espalha por vários
países.
Gráfico
do estudo de Yanner Bar-Yam mostra concentração dos protestos nos momentos em
que o preço dos alimentos sobe
Assim,
Bar-Yam previu os protestos de 2013 e 2014:
ele já tinha constatado que 2013 foi o terceiro ano mais caro da história em se tratando de comida.
Em 2012, uma
matéria do The Guardian especulava que uma crise
mundial no preço dos alimentos estava por vir.
O estudo alerta
que diversos outros fatores políticos e sociais determinam como e quando as
revoltas ocorrerão, mas a inflação dos alimentos é o combustível inicial, o
fator que engatilha a arma.
Onde acontecerão os próximos protestos
O estudo tinha
alertado que esses seriam os países que poderiam vivenciar manifestações em
2013 e 2014:
África do Sul, Haiti, Argentina, Egito, Tunísia,
Brasil, Turquia, Colômbia, Líbia, Suécia, Índia, China, Bulgária, Chile, Síria,
Tailândia, Bangladesh, Bahrein, Ucrânia, Venezuela e Bósnia.
Dessa lista, Ucrânia, Venezuela e Tailândia já
eclodiram. Também houve protestos no Brasil, Egito, Turquia e Bósnia.
Em todos os casos, a insatisfação econômica foi um
ingrediente essencial na mistura que levou o povo às ruas.
Na Venezuela, um ótimo exemplo: fora a caótica
situação política, o preço da comida por lá é o maior em 18 anos e faltam produtos
básicos nas prateleiras, como leite e papel higiênico.
Os números parecem não mentir.
Fonte: EXAME.com
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