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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Os efeitos da altitude - RELEVO

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Os principais males físicos que uma escalada em grandes altitudes pode causar estão relacionadas ao frio, à oxigenação e à diferença de pressão entre o corpo e o ar ambiente.
 
Frio
As temperaturas extremamente baixas podem levar o corpo humano à hipotermia, a perda de calor corpóreo que determina a queda da temperatura do corpo e compromete o metabolismo. A grosso modo, a hipotermia é deflagrada quando a temperatura corporal vai abaixo dos 35º C. A cada grau centígrado de calor perdido pelo corpo, o fluxo cerebral diminui em 6%, de modo que, aos 32º C, já começam a aparecer sinais de confusão mental e dificuldade de raciocínio.
Aos 30º C, os reflexos mostram-se comprometidos e a pessoa adquire um aspecto sombrio: pupilas fixas e movimentos desordenados. A partir dos 26º C há risco de vida, com ocorrência de arritmias e possibilidade de coma. Se o corpo atingir os 20º C, a morte é praticamente certa. Contudo, esta progressão fatal é perfeitamente controlável e reversível. Ao sentir sintomas da hipotermia, a pessoa deve buscar formas de aquecer seu corpo, seja transferindo-se para locais mais quentes ou cobrindo-se com roupas.
Além disso, o frio extremo costuma causar a necrose de partes do corpo expostas a baixas temperatura por longo período. Neste caso, o mal é irreversível.

Respiração e pressão
O grande problema das grandes escaladas está relacionado à respiração. Trata-se do que os alpinistas chamam de "Mal das Montanhas". Ele pode se manifestar de diferentes formas e em diferentes graus, variando de acordo com as características de cada organismo, mas o fato é que está sempre relacionado à falta de oxigênio.
Na verdade, o ar na montanha não tem menos oxigênio do que o ar ao nível do mar. O problema está na captação deste oxigênio. "Seja a 8000 m ou em Ilhéus, a porcentagem de oxigênio no ar é a mesma, cerca de 30%. Contudo, a pressão parcial do ar atmosférico diminui com a altitude", explica o médico Ricardo Yoshio, do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte (Cemafe) da Unifesp. Para se adaptar a essa baixa pressão atmosférica o corpo de auto-regula, aumentando a freqüência respiratória. Portanto, à medida que se sobe a montanha, a captação de oxigênio para os tecidos torna-se mais difícil, e ocorrem sintomas como dores de cabeça, náuseas, lentidão de raciocínio, dores musculares, fadiga e taquicardia.
Por mera adaptação física, a pressão dos gases dentro do corpo (seja no sangue, entre as articulações ou nos pulmões) aumenta. Desta diferença de pressão decorrem os problemas mais sérios do alpinismo, em geral em altitudes superiores a 4000 m. A alta pressão do ar no corpo pode causar edemas cerebrais, pulmonares ou oculares. Esses problemas se intensificam se a escalada acontecer muito rápido, dificultando a adaptação do corpo à diferença de pressão.
Por esta razão, é fundamental realizar a "aclimatação", ou seja, dar tempo para o corpo se adaptar às diferentes condições do ambiente. Em geral, quando se passa dos 2800 m, este processo de adaptação já se mostra necessário. Após 24 horas em um local mais alto, o corpo começa a sentir o efeito da mudança de altitude. Após 2 semanas neste novo ambiente, o organismo "aclimata-se", controlando os efeitos da transferência. "É por isso que nos jogos de futebol em La Paz ou em outras cidades de grandes altitudes, por exemplo, os jogadores chegam horas antes do jogo. Assim, o efeito da altitude só é sentido após a partida", define o professor Luciano Capelli, da Unifesp.
 
 
 
 

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