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domingo, 21 de outubro de 2018

O dia que durou 21 anos - documentário que todo brasileiro deveria assistir.


“O Dia que durou 21 anos” é um documentário brasileiro, dirigido por Camilo Galli Tavares, sobre a participação do governo dos Estados Unidos na preparação, desde 1962, do golpe de estado de 1964 que ocorreu no Brasil.
Divido em três partes: “A conspiração”, “Golpe de Estado” e “O Escolhido”, relata de maneira pluralista os bastidores e antecedentes da Ditadura-Civil Militar Brasileira. Desde as reformas de base empreendidas por João Goulart, passando pela criação do IPES para implantar ideologias e notícias falsas para que a população aderisse ao golpe sem ressalvas, da presença da CIA no país para fomentar oposição ao governo de Goulart, do IBAD para comprar deputados, mostrando a posse de Castelo Branco, e em seguida a de Costa e Silva, até os atos institucionais.
O documentário narra de maneira crua e fiel a realidade, com base em documentos históricos, gravações sonoras originais e até depoimentos dos que participaram, de ambos os lados, ainda vivos. Dá voz a todos. Isso é bem bacana. Apesar de ser desprezível ouvir um militar responsável, direta ou indiretamente, por torturas, afirmar que tudo o que ocorreu foi uma “revolução”. No entanto, valoriza perspectivas já que não privilegia nenhum dos lados.
A direção, a montagem e a fotografia são interessantes. A forma como foi organizado é algo que chama atenção de maneira positiva. Sobre os depoimentos, convém deixar algo claro que o Brasil nunca esteve perto de virar um país comunista. A historiografia prova isso. Atos isolados como o de Luís Carlos Prestes na “Era Vargas” sequer tiveram poder. Nos anos 1960 então, nem se fala.
É um documentário que muito contribui para amplitude de conhecimentos históricos sobre o período. Oferece várias dimensões e é absolutamente imparcial. Não faz juízo de valores dos entrevistados. Apresenta a visão de historiadores, de pessoas que estavam envolvidas com o governo do Jango e outros que apoiaram o Golpe de 1964. Tudo bem múltiplo. É de suma importância que todos assistam, leiam e se informem ao máximo sobre o período. Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.
Fonte: https://osintelectuais.wordpress.com/2015/07/01/resenha-o-dia-que-durou-21-anos/

Desmatamento do Cerrado



A devastação do Cerrado pode colocar em risco a existência desse domínio natural
A devastação do Cerrado pode colocar em risco a existência desse domínio natural

O processo de desmatamento do Cerrado consolidou-se ao longo da segunda metade do século XX, graças aos avanços da agropecuária para o interior do país nesse período. Dados revelam que menos de 48% da vegetação original encontra-se total ou parcialmente conservada, e, para piorar, o desmatamento vem aumentando em grande medida nos últimos anos, sendo maior até mesmo que o da Amazônia.Um dos mais ricos e importantes domínios naturais do Brasil é o Cerrado, localizado em boa parte da região Centro-Oeste e também em partes das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do país. Embora o seu ambiente apresente importantes funções ambientais para espécies animais, vegetais e também para nascentes e leitos de rios, o seu processo de devastação acentuou-se ao longo das últimas décadas e boa parte de sua formação original foi destruída.
As principais causas da devastação do Cerrado são o avanço das queimadas e a retirada de suas matas para a utilização do solo na agropecuária. A área de sua ocupação original configura-se, hoje, como o principal local fornecedor de grãos do Brasil, com destaque para a soja, que é voltada, principalmente, para o mercado externo. Tal processo ocorreu graças aos avanços dos sistemas de cultivo, que permitiram a instalação de lavouras em locais antes considerados pouco propícios, pois os solos do Cerrado são muito ácidos e apenas a aplicação da calagem (correção do pH do solo através da adição de calcário) pode corrigir essa dificuldade.
Área de ocupação do Cerrado no Mato Grosso para o cultivo da soja em larga escala *
Área de ocupação do Cerrado no Mato Grosso para o cultivo da soja em larga escala *
Outro motivo foi o pouco interesse do poder público em preservar esse domínio natural, visto os poucos esforços de sua conservação ao longo do século XX e a não inclusão do Cerrado nas áreas de preservação natural na Constituição promulgada em 1989. Além disso, apenas 3% da área do Cerrado é formada por reservas e unidades de conservação, o que é considerado um índice muito baixo. Vale lembrar ainda que mesmo essas áreas de proteção ambiental sofrem pressão de fazendeiros e grileiros para a sua ocupação.

Lobo-guará, espécie típica do Cerrado que pode entrar em extinção
Lobo-guará, espécie típica do Cerrado que pode entrar em extinção
Apenas nos últimos anos é que medidas públicas de preservação do Cerrado foram adotadas, fazendo com que, a partir de 2006, o seu processo de destruição passasse a diminuir, embora ainda seja elevado. Dados da Organização Conservação Internacional estimam que, caso o processo de devastação do Cerrado continue, suas reservas durarão somente até 2030.
As principais consequências do desmatamento do bioma Cerrado envolvem a extinção de algumas espécies animais e vegetais, com a perda da biodiversidade, além do impacto gerado sobre o leito de muitos rios importantes para o país, a exemplo do São Francisco, que passará a contar com cada vez menos nascentes. Outro efeito é a degradação de outros domínios naturais que dependem direta e indiretamente do bioma Cerrado, o que inclui, principalmente, o Pantanal mato-grossense.
Atualmente, o Cerrado é considerado um hotspot, termo que se refere ao conjunto de áreas do planeta com alta biodiversidade e que se encontram ameaçadas, carecendo de maiores atenções a fim de manter a sua preservação. No Brasil, existe apenas mais um hotspot além do Cerrado, que é a Mata Atlântica. Espera-se que, em um futuro próximo, a devastação desse importante domínio natural seja totalmente interrompida e ao menos algumas partes de sua vegetação sejam reflorestadas e recuperadas.
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* Créditos da imagem: AFNR / Shutterstock

Fonte:
Por Me. Rodolfo Alves Pena
PENA, Rodolfo F. Alves. "Desmatamento do Cerrado"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/brasil/desmatamento-cerrado.htm>. Acesso em 21 de outubro de 2018.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Estudantes do 9º ano analisam o cenário global/capitalista com base na música "desostenta" de Igor Kannário.





Estudantes do 9º ano da Escola Geórgia em Itabuna, fizeram uma análise do sistema capitalista e do atual cenário global, com base na música "desostenta" do cantor de pagode baiano Igor Kannário, durante as aulas de Geografia. A intenção do trabalho foi levar aos discentes um olhar mais crítico em relação as mazelas sociais criadas pelo capitalismo na sua fase mais consumista, a chamada era global ou globalização. A música não foi escolhida por acaso, já que na atualidade termos como "ostentação" e "camarotização" tem ganhado grande destaque na mídia brasileira e inclusive em 2014 foi tema da redação do vestibular mais concorrido do país, o vestibular da FUVEST, em São Paulo. A música é uma clara crítica à sociedade consumista, e esse consumo tem como vetor a "onda ostentação" que começou com o funk e já ganhou outras vertentes musicais, como até mesmo o "arrocha ostentação". Logo abaixo o vídeo com a música, seguida da análise feita por dois dos estudantes do 9º ano.


"Atualmente vivemos em um mundo globalizado, consumista e capitalista. Onde padrões são impostos pela elite, para que pessoas de classes sociais distintas se adequem a esse estilo de vida. Padrões esses que na sua maioria visa a irreverência de "ostentar" roupas de grife, um estilo semelhante adotado pelos funkeiros norte americanos, dentre outros. O pior é que jovens de classe média e que vivem à margem da sociedade estão querendo se adaptar a esse contexto social, onde a falta de informação torna-os vulneráveis as "armadilhas" do mercado consumidor. A exclusão social e o preconceito com as pessoas e principalmente com os adolescentes da periferia, intenciona a necessidade dos mesmos de estarem de acordo com o que a elite considera ser moda. A música de Igor Kannário usa sua subjetividade para fazer uma crítica aos aspectos como esses, mostrando a negatividade para a globalização, impulsionadas pela era técnico-científica, onde a principal "vítima" somos nós consumidores."(Açucena Araújo Martins)




"Mesmo a letra original possuindo termos fortes, Kannário demonstra em forma de música, uma crítica contra o capitalismo, e contra as pessoas que ostentam sem saber que estão financiando aqueles em que se inspiram, fortalecendo assim o capitalismo de forma gratuita. A onda ostentação pode gerar frustração nos jovens que não se enquadram no padrão consumista, além da probabilidade de violência aos fãs que seguem esse estilo, que imaginam ser um modelo a se seguir, enquanto é apenas um ''fantoche'' do mundo a sua volta. O sistema impõe esse tipo de política social, que se espalha de forma rápida e adquire adeptos que se consideram dentro do principal meio social, só de estar correspondendo às condições impostas por aqueles que lucram com isso, a chamada burguesia branca, que se aproveita de pessoas influentes para estabelecer, certo padrão social que dará lucro apenas para os pertencentes a essa burguesia. 
(João Victor Santos Almeida)









quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Islamofobia se espalha pela Europa.

A intolerância religiosa é uma realidade cotidiana na Europa, tem por alvo principal os muçulmanos e ataca o pluralismo religioso, negando-se a compartilhar o espaço público com religiões minoritárias ou tolerando apenas práticas consideradas “seculares”. Os que encarnam as principais vozes da intolerância não são marginas nem podem se considerados antiquados ativistas de extrema direita. Frequentemente são de chefes de governo, importantes ministros ou poderosos políticos.
Suas palavras expressam uma cantilena de xenofobia oficial. Sucessivas menções do presidente francês, Nicolas Sarkozy, e da chanceler alemã, Angela Merkel, sobre o fracasso do multilateralismo em países onde essa política nunca foi promovida, e o discurso de fevereiro do primeiro-ministro britânico, David Cameron, que associou o multiculturalismo com o terrorismo islâmico, são alguns dos exemplos mais recentes.

O desejo de tornar o Islã invisível não só causa discursos estigmatizantes, como também novas leis. No dia 29 de novembro de 2009, 57,5% dos cidadãos suíços optaram, em um referendo popular, pela proibição de construir novos minaretes em seu país. Isto parece ser parte de uma tendência europeia.
Em 2004, a França proibiu o uso do “niqab”, tradicional véu islâmico, nas escolas públicas, por considerá-lo um símbolo de ostentação religiosa. No dia 11 de abril deste ano, entrou em vigor uma nova lei proibindo o uso desse véu em “lugares públicos” de todo o país. Isto é, em todas as partes, menos dentro de casa, no automóvel, no trabalho ou na mesquita.
Um estudo da Open Society Foundation concluiu que menos de duas mil mulheres cobrem seu rosto com esse véu na França. Muitas já sofriam insultos e, às vezes, até assédio físico. A nova lei somente incentivará mais abusos. Mas, ainda são permitidas as procissões cristãs que exige de quem as realizam cobrir seus rostos.
Precisamos compreender melhor a dinâmica que há por trás destas controvérsias e das novas leis que proíbem o uso de símbolos de expressão religiosa. E devemos nos perguntar se no espaço público da Europa existe uma adequada proteção do pluralismo religioso e da neutralidade confessional.
A extrema direita europeia ocupou o espaço público para afirmar agressivamente sua cultura contra as práticas muçulmanas. As ações que insultam deliberadamente os muçulmanos aumentam. Na Itália, o direitista partido Liga Norte organiza procissões de porcos nos locais onde se planeja construir mesquitas. Na França, um movimento antimuçulmano que diz ser secular organiza festas de “salame e vinho”, dirigidas contra as tradições islâmicas que proíbem comer porco e beber álcool.
Centrar-se nos alimentos e no vinho mostra que o temor das ameaças à identidade cultural originadas na globalização está no centro da “nova direita’, como afirma a socióloga Mabel Berezin em seu livro “Iliberal Politics in Neoliberal Times” (Política Intolerante em Tempos Neoliberais).
A expressão religiosa está se convertendo outra vez em um distintivo da identidade cultural nacional, e o discurso xenófobo que rodeia o Islã parece ter um amplo atrativo. A atual geração de líderes da extrema direita (entre eles Heinz-Christian Strache, na Áustria, Geert Wilders, na Holanda, Marie Le Pen, na França, e Oskar Freysinger, na Suíça) se vestem com roupas novas.
São mais jovens e dizem ser progressistas enquanto subvertem os símbolos e as lutas das revoluções dos anos 1960. Alguns asseguram que são feministas, que estão a favor dos direitos dos homossexuais e da livre expressão, e todos tomam por alvo o Islã, mais do que o judaísmo.
Os partidos dominantes estão divididos sobre estes temas. Após décadas de tentativas locais e nacionais de resolver assuntos práticos, como o espaço destinado aos muçulmanos nos cemitérios e a organização de entidades muçulmanas representativas, os governos europeus parecem permitir o fluxo de intolerância, proibindo e estigmatizando as práticas islâmicas.
Neste contexto, como é possível proteger as religiões minoritárias no espaço público? Historicamente, a “tolerância” das religiões minoritárias por parte da maioria se associa com o Iluminismo (Séculos 17 e 18) e os inícios da noção contemporânea de direitos humanos. As constituições europeias atuais também fazem eco às lutas do Século 19, ao promover o secularismo no continente (mas não nos impérios).
De todo modo, os legados destas batalhas difíceis e às vezes sangrentas não estão tão profundamente arraigados como se poderia pensar. Nas democracias liberais, os direitos fundamentais das minorias tendem a estar protegidos dos abusos da maioria, mediante constituições internas e convênios internacionais como o Convênio Europeu para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades Fundamentais.
Contudo, a jurisprudência do tribunal que salvaguarda este convênio mostra que nem todas as religiões recebem o mesmo tratamento. No célebre caso “Lautsi versus Itália”, a Grande Câmara do Tribunal Europeu de Direitos Humanos determinou, em março deste ano, que a presença de crucifixos em escolas primárias italianas viola o direito à liberdade de consciência dos que não são cristãos.
Tratou-se de um triunfo para o governo italiano e outros 19 governos que haviam pedido a esse tribunal respeitar as identidades nacionais e as tradições religiosas dominantes de cada um dos Estados parte do convênio. As religiões minoritárias ainda têm de ganhar um caso relativo à liberdade de expressão religiosa perante o Tribunal Europeu de Direitos Humanos. E o tribunal da opinião pública europeia parece se tornar cada vez menos intolerante. A possibilidade de igualdade entre as religiões ainda está em questão na Europa. Envolverde/IPS
* Virginie Guiraudon é pesquisadora do Centro Nacional de Pesquisas Científicas da França.
** Este artigo é parte da série “Religião, Política e Espaço Público”, que acontece em colaboração com a Aliança de Civilizações das Nações Unidas e seu projeto de Especialistas Mundiais (www.theglobalexperts.org). Os pontos de vista expressos nestes artigos são dos autores e não necessariamente refletem os da Aliança de Civilizações das Nações Unidas ou das instituições às quais estão filiados os autores.

Movimento contra muçulmanos e imigrantes cresce na Alemanha

O movimento anti-islâmico Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) atrai cada vez mais adeptos na Alemanha, sobretudo no Leste do país. Na última segunda-feira, 17.500 pessoas foram às ruas de Dresden protestar contra a “islamização” da Alemanha. O ritual das manifestações, que acontecem sempre nesse dia, tornou-se um fenômeno de massa e tem como alvo protestar contra a política do governo de receber milhares de fugitivos das guerras e conflitos nos países muçulmanos.
Em Dresden, Leipzig e no Leste de Berlim, os ativistas e dissidentes começaram a “revolução pacífica” que resultou na queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, indo às ruas protestar usando o slogan “wir sind das volk” (nós somos o povo). Hoje o alvo dos protestos, que mantêm o mesmo slogan, são os fugitivos das guerras civis no mundo islâmico.
“Eles significam um perigo para o futuro dos alemães”, reclamou uma das manifestantes.
O movimento que é controverso, para o cientista político Werner Patzelt, de Dresden, a população do Leste se vê como vítima da imigração muçulmana, embora na cidade, capital do estado da Saxônia, apenas cerca de 2% da população sejam de imigrantes ou seus descendentes. O Pegida está se expandindo também para o Ocidente, onde a adesão, porém, é muito menor do que o número de pessoas que vão às ruas protestar contra a nova onda de xenofobia.
Enquanto o Pegida vê uma infiltração de muçulmanos no Ocidente, em Gölitz, também no Leste, o investidor Winfried Stöcker, dono da maior loja de departamentos da cidade, defendeu em entrevista ao jornal local a “expulsão de todos os negros que vivem na Alemanha”. Ele também é dono da empresa Euroimmun AG, que tem 1.700 empregados em 50 países.
Segundo o bispo de Görlitz, Wolfgang Ipolt, as manifestações de xenofobia estão “envenenando” o Leste.
“É uma falta de respeito usar a mão de obra das pessoas de outros países e, ao mesmo tempo, tentar impedir que elas vivam na Alemanha”.
Frauke Petry, porta-voz do partido Alternativa para a Alemanha, uma agremiação anti-euro com elementos de extrema-direita, diz que o Pegida é um movimento patriota como outros na Europa.
“Devido ao nosso passado, tudo o que tem a ver com patriotismo desperta suspeita na Alemanha”, diz Petry.
A cientista política Lamya Kadar, descendente de imigrantes muçulmanos, vê o grupo como uma iniciativa repleta de ódio, que tem como principal objetivo propagar a aversão à minoria muçulmana.
“Quando eles falam nos islamistas extremistas, não querem dizer apenas os fundamentalistas, mas todos os muçulmanos, também os nascidos na Alemanha. O Islã faz parte da Alemanha, como disse o ex-presidente Christian Wulff. A Alemanha precisa aceitar a minoria muçulmana definitivamente como alemã”,  afirma ela.
Segundo analistas, o Pegida é uma manifestação de xenofobia em reação à explosão do número de refugiados. Depois de receber cerca de 200 mil pessoas em 2014, a Alemanha aguarda cerca de 300 mil no próximo ano. Com a guerra civil na Síria e o avanço dos jihadistas do Estado Islâmico no Iraque, aumenta também a corrente de fugitivos em busca de segurança na Europa, sobretudo na Alemanha, onde são recebidos com infraestrutura organizada, mas com desconfiança.
Em Berlim, a prefeitura está construindo aldeias de contêineres para abrigar os fugitivos. A primeira deverá ser inaugurada em breve. Formada por 350 contêineres, com camas, minicozinhas e banheiros coletivos, têm capacidade para 400 pessoas e fica em Marzahn-Hellersdorf, na antiga Berlim Oriental. O bairro é um dos maiores do país e tem só 2% de estrangeiros.
Uta Sternai, diretora de três centros de refugiados em Berlim, vê com preocupação a nova onda de xenofobia. Segundo ela, a resistência da população, devido a um temor de redução do padrão de vida, é instrumentalizada pela extrema-direita.
Fonte: O Globo

Por que o Brasil é campeão mundial de cesarianas?

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o índice razoável de cesáreas é de 15% dos nascimentos, mas 43% dos brasileiros vêm ao mundo por esse método (80% na rede particular). Há consenso de que o parto normal é menos arriscado para a mãe e o bebê do que uma cesárea, recomendada só quando há complicações. Palavra do Ministério da Saúde e até da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
O “ouro” do Brasil é responsabilidade de médicos, gestantes e do sistema hospitalar. Para o obstetra Carlos Eduardo Czeresnia, do Hospital Albert Einstein, médicos indicam a cirurgia por medo de processos: a cesárea tornaria o obstetra mais defensável se algo desse errado, por ele se ater a rígidos procedimentos operatórios. “Por isso, o médico começa a criar medos na cabeça da gestante, dá razões esdrúxulas pra fazer uma cesárea”, afirma.
Além disso, é mais prático para ambas as partes fazer uma cirurgia de uma hora do que dedicar 12 horas a um trabalho de parto – pelo qual, aliás, o médico recebe menos –, cancelando um dia inteiro de consultas. Por fim, muitas gestantes vêem na cirurgia menos dor e mais segurança.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até criou novas normas para as maternidades, visando diminuir as cesáreas desnecessárias. Infelizmente, o buraco é mais embaixo.

O índice de cesarianas no Brasil é 3 vezes maior que o recomendado:


Brasil –  43% dos partos são cesáreas
Brasil – na rede pública 29% dos partos são cesáreas
Brasil – na rede particular 80% dos partos são cesáreas
O índice indicado pela OMS de cesáreas é de 15%
Na Holanda o índice de partos cesáreas corresponde a 10%.

Fonte: Superinteressante

terça-feira, 23 de setembro de 2014

O que é o Estado Islâmico? (+ Vídeo)

Militantes de uma organização terrorista conhecida anteriormente como Estado Islâmico no Iraque e no Levante declararam, em junho deste ano, um “califado islâmico” no Oriente Médio –chamado agora apenas de Estado Islâmico. Desde então, esses guerreiros se tornaram um dos assuntos mais importantes do noticiário internacional.

O que é o Estado Islâmico?
É uma organização terrorista que declarou, em 30 de junho deste ano, o controle de um território estratégico entre a Síria e o Iraque. Seus membros estabeleceram, ali, um califado islâmico e têm disputado com os governos regionais.


Mas eles surgiram de repente?
Não. Esse tipo de movimento extremista foi fomentado ali pela invasão americana de 2003 e pelo progressivo fracasso do governo iraquiano. O projeto faz parte da tendência que inclui, também, a Al Qaeda e outras organizações. Até junho, esses terroristas se chamavam de Estado Islâmico no Iraque e no Levante, abreviado em português EIIL e, em inglês, Isil.


O que é um califado islâmico?
É um modelo político surgido no século 7, na península Arábica, a partir da liderança de Maomé, o profeta do islamismo. “Califado” significava “sucessão”. No caso, os líderes muçulmanos que vieram após a morte do profeta.


Profeta?
O islamismo surgiu no século 7 a partir da revelação de Maomé, que organizou essa religião e unificou tribos em torno da ideia central de que só há um único Deus, comum ao cristianismo e ao judaísmo. O islã é a revelação feita aos árabes, na península Arábica.


Todo califado é terrorista?
Não. Nem todo muçulmano, aliás. As práticas terroristas são específicas de uma interpretação radical do islã que não é mainstream nem foi a regra durante os séculos de islamismo. O fundamentalismo é, na verdade, um fenômeno contemporâneo, reagindo ao secularismo contemporâneo, segundo estudiosos como Karen Armstrong (autora de “Em Nome de Deus”).


Eu deveria me preocupar?
Sim. Mas analistas não esperam que o Estado Islâmico se mantenha de fato como um Estado, controlando fronteiras e articulando governos. Os terroristas estão bem armados, mas enfrentam a inimizade de toda a região. Os Estados Unidos têm bombardeado posições do califado, também. Veja abaixo alguns de seus inimigos:




Quem é o líder do Estado Islâmico?
Como no modelo do califado histórico, o Estado Islâmico tem um califa –um líder político e religioso. Neste caso, é Abu Bakr al-Baghdadi:



Todos os muçulmanos seguem esse califa?
Não. Essa seria a ideia de um califado, como foi o projeto de Maomé e de seus seguidores no início do islamismo. Mas Abu Bakr al-Baghdadi é seguido por uma pequena parcela dos muçulmanos, e enfrenta oposição de todos os Estados islâmicos. Ele não representa o islã.


Pequena parcela, quanto?
Os EUA estimam entre 7.000 e 12 mil combatentes. O Estado Islâmico diz que são 50 mil na Síria e 30 mil no Iraque. É difícil ter certeza sobre esse número, já que a região vive em convulsão política.


De onde vem o dinheiro do Estado Islâmico?
Essa organização terrorista controla poços e refinarias de petróleo na região, lucrando com seu contrabando. É cobrado também imposto da população. A renda inclui, por fim, o resgate cobrado por reféns e a pilhagem de bancos.


Fonte: Folha de São Paulo.