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domingo, 2 de março de 2014

Ucrânia. O palco de uma nova Guerra Fria?


Ao mesmo tempo em que ameaçam a Ucrânia com sanções, Estados Unidos e União Europeia pedem paz e diálogo. Enquanto isso, o presidente russo Vladimir Putin liga para o presidente ucraniano Viktor Yanukovych enquanto lhe envia dinheiro e baixa o preço do gás vendido ao país. Por fim, o vice-presidente americano, Joe Biden, também chama Yanukovych para que pedir que ele não reprima os manifestantes. O que é que a Ucrânia tem para que todos esses atores da cena política global estejam tão dispostos a agir?
Para muitos, o país é o vértice geográfico onde se disputa uma nova versão da Guerra Fria.
Tudo anda à jato na Ucrânia, palco de uma revolução. E as coisas podem piorar muito antes de eventualmente melhorarem. Assim são as coisas em revoluções. 
A revolução que derrubou Viktor Yanukovich aconteceu no coração da Europa, onde colidem interesses do Ocidente (União Europeia e EUA) e da Rússia (Com as suas raízes expansionistas). Parece até que voltamos aos tempos da Guerra Fria.
Não é à toa que Barack Obama recomendou prudentemente que a Rússia não interviesse militarmente, enquanto que Moscou questiona a legitimidade do novo governo em Kiev.
Os riscos de separatismo estão aí, insuflados por Moscou, uma vez que a minoria etnicamente russa vive no leste da Ucrânia. Outro pesadelo para Putin (presidente russo) é a queda de um importante autocrata aliado, que era Yanukovich.
Em contraste à Rússia, a Ucrânia possui alguns pilares democráticos: parlamento funcional, partidos de oposição e uma imprensa livre. O problema é a qualidade da classe política e a corrupção. O presidente deposto era um escroque, tampouco seus adversários são flores que se cheirem.
Yulia Tymoshenko, carismática ex-primeira ministra, foi libertada da prisão no sábado depois de três anos, e desponta na oposição. Ela foi presa por suposto abuso de poder e vingança de Yanukovich. O fato é que Yula tem um prontuário duvidoso, com acusações de corrupção e oportunismo político. Ela fez uma fortuna nos anos 1990 com negociatas de gás natural. Agora, pode concorrer à presidência nas eleições de maio. Complicado, portanto, tomar posições na crise ucraniana.
Para o lado Ocidental, a questão é ajudar a Ucrânia através de uma tribulada transição. O país vai precisar de muita ajuda econômica, política e moral. Afinal, ali na espreita está Vladimir Putin, que sofreu um desastre estratégico com essa revolução.

O GÁS

A Ucrânia depende da Rússia para abastecer-se de gás. Além disso, por seu território passam dutos que transportam o gás russo para a União Europeia.
Muitos analistas acreditam que a crise do gás ocorrida entre 2006 e 2009 foi uma consequência das tensões políticas que já existiam na época na Ucrânia, em razão da divergência quanto a aproximar-se da União Europeia ou da Rússia.
Essas tensões estavam no coração da Revolução Laranja de 2004, na qual o atual presidente Viktor Yanukovych perdeu poder enquanto líderes mais favoráveis ao Ocidente, como os políticos Viktor Yaschenko e Yulia Tymoshenko, subiram ao poder.
Mas esses políticos não conseguiram satisfazer as expectativas populares, o que levou Yanukovych a ganhar as eleições de 2010.
“Eram corruptos, incompetentes. Então as pessoas votaram em Viktor Yanukovych”, disse Edward Lucas, editor internacional da revista The Economist e autor do livro “A Nova Guerra Fria: a Rússia de Putin e sua ameaça ao Ocidente”, ao programa PM da Rádio 4 da BBC.
“Infelizmente, isso abriu a porta para a Rússia, e a Rússia forçou a Ucrânia a recusar o acordo comercial com a União Europeia e levou a Ucrânia para o seu lado”, acrescentou Lucas.
Em uma reunião em 17 de dezembro de 2013 entre Putin e Yanukovych, a Rússia se comprometeu a comprar o equivalente a R$ 36 bilhões em títulos do Estado ucraniano e a reduzir o preço do gás vendido ao país.
Fontes: BBC e Joven Pan

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