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quinta-feira, 18 de abril de 2013

A queda do império cacaueiro no Sul da Bahia.

 
A vassoura-de-bruxa é considerada uma das mais sérias doenças para a economia dos países produtores de cacau, porque é capaz de reduzir drasticamente a produção dos cacauais ou levá-los a total debilitação se medidas de controle fitossanitárias não forem tomadas com persistência. Um exemplo típico do que este infortúnio pode fazer é o caso do Equador, que apesar de ter ocupado a primeira posição no mercado internacional de cacau no século passado, chegando a produzir mais amêndoas do que todo o continente africano, até 1905, reduziu a sua participação para apenas 38% do mercado mundial, no início deste século. No Brasil nos estados da Amazônia e Pará onde a enfermidade existe há muito, visto que o cacau é originário daquela região, e é bastante disseminada, as perdas de frutos pela doença chegam a 40 %. Em Rondônia, a situação ainda é pior e as perdas já foram verificadas em até 90 % dos frutos que poderiam geram riquezas e rendas para os agricultores.   
A doença é causada pelo fungo Crinipellis perniciosa que infecta tecidos vegetativos em crescimento (almofadas florais, brotos, lançamentos de folhas novas, flores e frutos); quando ocorre a infecção nestas partes da planta, verifica-se um superbrotamento de tecidos e um "inchaço", vulgarmente conhecido como "vassoura-de-bruxa".
Anteriormente restrita a Região Amazônica de onde nunca deveria ter escapado, a doença foi detectada no sul da Bahia no ano de 1989, exatamente no município de Uruçuca, distante 40 km da cidade de Ilhéus. Inicialmente de forma tímida e rara, mas que causou um verdadeiro alvoroço entre os técnicos-cientistas, produtores, e a população de maneira geral; a partir desta data a CEPLAC formou um grupo de trabalho composto por fitopatologistas do Centro de Pesquisas do Cacau e também da Amazônia, onde o órgão mantém atividades e possuía maior intimidade com o problema, visando dimensionar a área afetada e estabelecer estratégias imediatas para tentar conter a doença.
O maior desastre para a cacauicultura baiana foi o fato de que o comportamento da moléstia na Bahia, ter sido diferente do que se verificava na região norte do Brasil. Atribui-se esse fato a diversos fatores: o relevo acidentado predominante na propriedades baianas, a contigüidade das plantações de cacau formando verdadeiros lençóis da cultura, favorecendo a disseminação, o índice pluviométrico caracterizado por uma constância de chuvas durante todo ano, e a descapitalização dos produtores pelos baixos preços internacionais. Por isso a "vassoura-de-bruxa", doença de convivência viável na região amazônica através de podas e remoções das partes afetadas, encontrou aqui o seu ambiente ideal, tal como o próprio cacaueiro encontrou as melhores condições para vicejar, no final do século passado às margens do Rio Pardo.
 
A "vassoura-de-bruxa" foi a responsável pelo abandono do cultivo do cacau no Suriname e na Guiana. O fungo é nativo da Bacia Amazônica de onde propagou-se para a Bolívia, Amazônia brasileira, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname, Venezuela e as ilhas indo-ocidentais de Granada e Trinidad. Era de esperar-se que a grande distância entre a região norte e o sul da Bahia limitasse a propagação natural da doença; temendo a possibilidade desse contágio, a CEPLAC estabeleceu barreiras contra o transporte de material botânico e cacau em amêndoas da Amazônia para a Bahia e o Espírito Santo; era a CAVAB que foi logicamente desativada quando ocorreu o contágio. A doença ainda não foi detectada na Jamaica e nem no continente africano o que explica a posição elevada no mercado mundial dos países da África Ocidental.
A queda de produção em todos os países infectados varia de ano à ano, a depender das condições climáticas de cada safra. Isto porque, uma vez instalada, não é possível livrar-se da enfermidade. Assim as perdas são acentuadas, porém variáveis. Em Trinidad, por exemplo, em 1944, no auge da infecção, houve um ataque de 68% do total da colheita. Em 1959, no Equador, 80% dos frutos estavam quase ou totalmente danificados e imprestáveis para o aproveitamento.
 
A chegada do cacau ao sul da Bahia.

Originário da Bacia Amazônica, o cacau foi trazido para o sul da Bahia pelo colono francês Frederico Warneau, em 1746, encontrando condições climáticas e telúricas excelentes, semelhantes as da região originária (ANDRADE, 2003).
O cacaueiro começa a dar frutos três anos após seu plantio, fornecendo três ou quatro colheitas anuais. O sistema utilizado para o cultivo do cacau em Ilhéus aproveita as árvores nativas de grande porte para sombreamento do cacaueiro, método conhecido regionalmente como cabruca. Esse modelo de produção contribuiu para a conservação de grandes extensões da floresta tropical primária.
A elevação da então vila de São Jorge dos Ilhéus à condição de cidade em 1881 e o aumento na produção do cultivo, que alcançou, nove anos após denota a importância que o cacau obteve, balizando a economia e influenciando a sociedade.
A elevação à condição de cidade em 1881 confirma o crescimento do cultivo desse produto, alcançando, nove anos após, o status de principal produto do município. De acordo com Alvim e Rosário (1972) já em 1895, 112 mil sacos de cacau eram exportados, chegando a 29 mil toneladas anuais em 1910, tornando Ilhéus um dos maiores produtores de cacau do mundo.
A alta produção originou necessidades que foram prontamente resolvidas pela riqueza proveniente da cacauicultura. Os capitais gerados com a produção do cacau foram responsáveis, em grande parte, pela construção de estradas de ferro, do porto e do aeroporto de Ilhéus, interligando a cidade a rede de comunicações, facilitando o escoamento da produção. Além da infra-estrutura logística, a economia cacaueira contribuiu na construção da rede de iluminação elétrica e de esgoto, escolas, igrejas, prédios, etc. Mais do que influência econômica, o cacau motivou a geração de uma cultura.
Vinháes (2001) afirma que esse episódio transformou Ilhéus, e toda a região cacaueira, num verdadeiro "eldorado", atraindo imigrantes de toda a parte do Brasil. A cidade crescia, tornando-se a mais próspera do interior da Bahia. A população também crescia, tendo um aumento de mais de 700% num período de trinta anos, saltando de 7.629 em 1890 para 63.912 em1920 (ANDRADE, 2003).

 

A crise na lavoura.

A primeira grande crise ocorreu em 1930, quando predominava a produção de cacau comercial. Nesse período, houve uma queda brusca de preço das commodities internacionais, entre elas o cacau e seus derivados, decorrente da queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque (crise de 1929) e que atingiu a economia mundial como um todo. O agravante da situação já preocupante da lavoura cacaueira se deu com a Segunda Guerra Mundial que influiu ainda mais para a desestruturação de muitos produtores.
Além desses problemas, o produtor estava endividado e desanimado com o cultivo do cacau, pois não havia perspectivas de mudanças no quadro em que se encontrava a “civilização do cacau” naquele ano. Foi justamente nesse cenário de desalento que o Governo Federal criou a CEPLAC (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira), vinculada ao Ministério da Fazenda, pelo Decreto nº 40.987, de 20 de fevereiro, com sede em Ilhéus. O objetivo da CEPLAC foi o de alongar por mais tempo a dívida dos produtores, devida a importância dessa lavoura para a economia regional. (ROCHA, 2008).
A luta da CEPLAC pela lavoura cacaueira encontra ao longo de sua trajetória pesados obstáculos e, no final da década de 1980, os produtores enfrentam a sua pior crise. “A orgulhosa região do cacau viu sua receita descer ladeira abaixo, depois de chegar a um patamar de exportação em torno de um bilhão de dólares, para ficar em torno de 100 milhões de dólares” (AGORA, nov./1999, p. 2). A região cacaueira baiana viu-se, então, com um grande número de desempregados, desesperados à procura de ocupação para sobreviver. Muitas pessoas enfrentaram dificuldades extremas por falta de trabalho nas fazendas, inflando assim, as favelas dos centros urbanos de cidades como Itabuna e Ilhéus.
 

Terrorismo Biológico no sul da Bahia?
 
Em quatro entrevistas a Revista VEJA, o técnico em administração Luiz Henrique Franco Timóteo, baiano, 54 anos, contou detalhes de como ele próprio, então ardoroso militante esquerdista do PDT, se juntou a outros cinco militantes do PT para conceber e executar a sabotagem. O grupo, que já atuava em greves e protestos organizados na década de 80 em Itabuna, a principal cidade da região cacaueira da Bahia, pretendia aplicar um golpe mortal nos barões do cacau, cujo vasto poder econômico se desdobrava numa incontrastável influência política na região. O grupo entendeu que a melhor forma de minar o domínio político da elite local seria por meio de um ataque à base de seu poder econômico – as fazendas de cacau. "O imperialismo dos coronéis era muito grande. Só se candidatava a vereador e prefeito quem eles queriam", diz Franco Timóteo. Link da reportagem (http://veja.abril.com.br/210606/p_060.html).
A suspeita de terrorismo biológico ganha força, através de um documentário elaborado por Dílson Araújo, chamado de "O nó: Ato humano deliberado."
O documentário traz uma série de depoimentos e documentos oficiais, além de histórias de perdas financeiras, familiares e humanas ocorridas nessas terras a partir do fim dos anos 80 do século passado. Foi o fim de uma era, e é impossível traduzir em palavras a tragédia que se deu nessa região, onde mais de 250 mil trabalhadores perderam seus empregos nas fazendas de cacau e o êxodo para as cidades chegou a 800 mil pessoas.
Pesquisadores ouvidos no documentário atestam que o inchaço das favelas e todos os problemas sociais que vieram a reboque, como a falta de infraestrutura e a violência, têm relação direta com a bruxa que assombrou a região. Suas consequências foram também ambientais, com a destruição do sistema da cabruca em 600 mil hectares de fazendas. Muitas áreas onde a Mata Atlântica permanecia intacta, em uma convivência produtiva e ecológica de mais de dois séculos, foram transformadas em pastagens e a madeira nativa foi alimentar as serrarias. O Nó apresenta várias, sem deixar de mostrar que os cacauicultores foram vítimas duas vezes. Uma quando a vassoura se instalou, com galhos amarrados diligentemente por mãos assassinas; a outra quando a Ceplac recomendou providências equivocadas, que levaram os produtores a assumir dívidas que lhes atormentam até hoje. Os bancos exigem que eles paguem pelo que não surtiu efeito e o governo não assume o ônus pela falha.

 

Documentário "Os Magníficos".


 

 

O documentário mostra a ascensão, queda e superação da lavoura cacaueira do sul da Bahia através do drama de três personagens, que tiveram uma queda vertiginosa em seu padrão social e precisaram se adaptar e reconstruir suas vidas a partir de uma nova realidade.
Constituído a partir de depoimentos, o documentário indica que a reconstrução da vida dos ex-barões do cacau podia significar, inclusive, o isolamento e a invisibilidade social. Apesar de não pretender realizar um relato analítico da tragédia social ou da crise econômica da zona cacaueira, a produção aborda o efeito desta época nos homens e mulheres que a viveram.
Os Magníficos explora os motivos e o processo desta decadência, retratando não só a busca de uma reconstrução sócio-econômica, mas também individual e espiritual.
O diretor Bernard Attal utilizou o padrão estético da obra de Welles para fotografar e ambientar seu filme que utiliza imagens de arquivo para ilustrar o processo de apogeu da época de ouro da região, antes da passagem pelo declínio econômico, causado pela praga “vassoura-de-bruxa”.
Attal fez o registro audiovisual da atual realidade da zona cacaueira, com imagens das fazendas, prédios, casarões, ferrovias – as fazendas sem donos, os secadores sem função, as igrejas sem fiéis, as cidades esvaziadas.
Os depoimentos são o eixo principal do documentário e toda a narração do filme é feita pelos entrevistados, que contam sua história e tratam do processo interno pelo qual passaram e ainda estão vivenciando.
A principal força de Os Magníficos está na sua atualidade e humanidade. Os depoimentos são divididos em três fases: lembranças da vida áurea; queda social e existencial; e nova postura de cada um com a vida e futuro. Por conta disso, o documento é organizado em três capítulos: A Soberba, A Decadência e A Superação.


Fontes:
 
Portal São Francisco. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/cacau/cacau-4.php>
 
Pimenta na Muqueca. Disponível em: <http://www.pimenta.blog.br/tag/dilson-araujo/>
 
Os Magníficos. Ano: 2009. Gênero: documentário. Direção: Bernard Attal. Co-produção: Bernard Attal Ondina Filmes IRDEB - TVE Bahia.
 


MARTINS, P. T. A. Os reflexos da crise da lavoura cacaueira nos ecossistemas de manguezal do município de Ilhéus, Bahia. Geografia - v. 16, n. 1, jan./jun. 2007 – Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Geociências.

 

RODRIGUES, K. G.; SILVA, C. de. C. A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NO MUNICÍPIO DE ITABUNA: EXPANSÃO E TRANSFORMAÇÃO URBANA APÓS A CRISE DO CACAU. Associação Brasileira de Geógrafos - AGB, 2010.

 

 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Trabalho escravo infantil no sudeste da Ásia: O CASO DA NIKE.



O processo geopolítico e econômico de reorganização mundial que vivemos hoje, chamado genericamente de globalização, caracteriza-se pela abertura das fronteiras econômicas. A velocidade dos meios de comunicação e transporte possibilita um intercâmbio de ideias e mercadorias com uma rapidez jamais conhecida na história do homem.
As grande empresas - os oligopólios ou as transnacionais - suprem as suas necessidades de mão-de-obra e matérias-primas em todo o planeta. Instalam-se fábricas, entrepostos de comércio e centro financeiros em todos os países. Isso possibilitou a produção de mercadorias em maior escala com custo mais baixo, valendo-se da difusão da tecnologia. O resultado é o mais fácil acesso aos bens de consumo. Tudo ficou mais simples, mais barato e abundante. Em termos de trocas de mercadorias e de ideias, vivemos em um só mundo.
O resultado mais visível é a "democratização" do consumo. As lojas brasileiras são um belo exemplo, com milhares de produtos MADE IN CHINA e de outros Tigres Asiáticos. Podemos comprar praticamente em qualquer esquina, de fraldas descartáveis a caviar. Essa é a definição "positiva" do processo globalizador.
Porém, mesmo deixando de lado a pergunta que pouca gente faz - Será que precisamos disso? -, há outros aspectos importantes: por que as empresas transnacionais instalam suas fábricas na Tailândia, na Indonésia, Em Taiwan, no Camboja, em Cingapura, na Malásia, na Coréia do sul ou em Hong Kong? A resposta é simples e encontra-se em qualquer caderno de economia dos jornais brasileiros: nesses países, a mão-de-obra é barata e as matérias-primas custam pouco.
Na Indonésia, por exemplo, excetuando-se a pequena elite que ganha bem, o salário médio da maioria dos operários é de US$21,00  MENSAIS. Os Tigres Asiáticos ainda oferecem a "vantagem" da inexistência de uma legislação trabalhista mais rígida, que garanta direitos básicos dos trabalhadores, como indenização, seguro-saúde, férias, 13º salário e aposentadoria, que são comuns no Ocidente, inclusive nos países subdesenvolvidos, a periferia do capitalismo central, onde o Brasil se situa.
Por que grande parte dos trabalhadores aceita US$ 21,00 mensais? Por que eles têm poucos direitos trabalhistas?
As respostas são complexas, mas podem ser resumidas. A maioria dos países asiáticos enfrentava desemprego crônico, corrupção endêmica e, não menos importante, trabalho escravo e prostituição infantil.
Por exemplo: a maior vendedoras de artigos esportivos para o mundo é a Nike, que terceiriza toda a produção. A Nike encomenda bola em fabricadas situadas nos países onde a mão-de-obra é mais barata. Em alguns desses países, como na Indonésia, as bolas eram fabricadas por crianças a partir de 6 anos, trabalhando em locais perigosos e insalubres. Como denunciaram a OIT e a Unicef, era trabalho escravo, "feito por mãos pequenas, capazes de darem pontos minúsculos". segundo a Unicef, em 1993, na Tailândia, para as crianças não fugirem, um fabricante manteve trancado o galpão onde elas trabalhavam. O galpão incendiou e morreram duzentas pessoas, a maioria crianças.
O Paquistão é um dos maiores produtores de bolas do mundo. Uma família com quatro costuradores consegue costurar, em média, 80 bolas mensalmente, a US$ 1,20 cada, possibilitando uma "renda" de US$ 96,00. No Vietnã, onde as transnacionais também encomendam bolas, o salário médio dos costuradores é de US$ 32,00 mensais. Uma pesquisa da Toy Manufacturers of América e da Unicef constatou que 90% dos brinquedos oriundos da Ásia são fabricados por mão de obra infantil, ocupando às vezes crianças de 5 anos. Na Tailândia, uma fábrica chegou a ter noventa trabalhadores infantis escravos.
No Brasil, a grande fabricantes de bolas é a Penalty. Aqui se paga mais do que na Ásia. Os costureiros de bola geralmente  são presidiários, que recebem em torno de R$ 240,00 por mês.
A questão Nike

No caso da Nike, os trabalhadores que são pagos um dólar por dia, se queixam de ter de limpar as instalações que funcionam em torno da fábrica como punição por atrasos. Mas o que é mais chocante submissão sexual a que os trabalhadores são obrigados pelos patrões. 85% dos funcionários são mulheres com uma média de idade abaixo de 23 anos. Além disso, os funcionários de nove unidades de produção são obrigados a trabalhar mais horas que o permitido por lei e sem acesso a cuidados médicos.

A Nike lidera o mercado para a indústria de calçados esportivos e chegou a dominar 37 por cento dele. A transnacional gasta mais de um bilhão de dólares por ano em publicidade e o salário mensal de seus executivos e estrelas (Phil Knight afirma que mais de 75 milhões de dólares por ano e Michael Johnson mais de 20) pode pagar milhares de salários anuais dos trabalhadores escravos do sudeste asiático. Em 1999, a empresa teve um faturamento de mais de 10 bilhões de dólares. Um funcionário da Nike teria de trabalhar dois ou três meses para comprar um par de sapatos que ela faz, ou 98.600 anos para chegar ao lucro anual.
A Nike tem custo mínimo na produção de seus produtos o que permite um excessivo gasto em marketing e pesquisa de mercado. A revolução que a Nike criou no mercado, funciona de uma forma insana, se paramos para pensar. Além de propaganda gratuita em seus produtos, eles conseguiram convencer milhões de pessoas que é de extremo bom gosto exibir seu logotipo, convencendo até os mais novos que é necessário, essencial para sua vida ter uma marca dessa empresa e assim ser aceito por outros de sua idade.
Essas imagens entram em nosso subconsciente sem percebermos, e quando temos que escolher um calçado ou acessório escolhemos os símbolos familiarizados como que por instinto. A fórmula do sucesso da Nike é muito simples: produzir acessórios de qualidade a baixo custo.
Como isso e possível?
Explorando milhões de pessoas miseráveis nos países onde a situação econômica e mais crítica, onde podem fazer seus operários trabalharem 12 horas por dia ganhando menos de 30 centavos por dia. A Nike tem fábricas ao redor do mundo, especialmente em países subdesenvolvidos, onde as leis são escassas e onde os direitos humanos não são respeitados. A fábrica da Indonésia emprega trabalhadores menores de idade, crianças de 12,13 anos trabalham turnos de 12 horas em condições tão horríveis que seria difícil achar algo parecido em nosso país. Justificativas poderiam ser apresentadas se a companhia fosse uma pequena empresa local, mas estamos falando de um dos maiores impérios do mundo. A custa de mães solteiras que em um país pobre e islâmico, não conseguem encontrar um trabalho digno para alimentar seus filhos, sendo assim devem se submeter a uma vida de semiescravidão. Quando ativistas a favor dos direitos humanos começaram a investigar os estabelecimentos da Nike na Indonésia, não podiam acreditar em que seus olhos viam, além da vida de semiescravidão de seus operários, ainda são forçados a trabalhar com produtos químicos altamente tóxicos e sem nenhuma proteção.
Essa fábrica se transformou em um alvo para ativistas a favor dos direitos humanos ao redor do mundo. A Nike tem fábricas nos países mais miseráveis do mundo, onde lhes garante mão-de-obra barata e sem ter que cumprir nenhum dos deveres de um empregador de um país desenvolvido.
Bolas de Futebol da Nike são feitas em pequenos quartos sem janelas, por velhos jovens e crianças sentados no chão de cimento em pequenas aldeias do Afeganistão.
Tênis da Nike vem de suas putrificas fabricas no Vietnã, Indonésia Camboja e China.
Vale salientar que a Nike é só um exemplo. Essa situação de trabalho escravo infantil se aplica a outras marcas do milionário mercado (explorador) esportivo, tais como Adidas, Puma, Mizuno, All Star (Nike), etc. e inclusive empresas brasileiras como a gaúcha Penalty, que tem bolas fabricadas no Paquistão. Se duvidam, peguem seus tênis, bolas, camisas dessas marcas e observem a etiqueta. Se tive um "Made in..." com países do sudeste asiático, provavelmente você está consumindo um produto feito por mãos semiescravas, e o pior: grande possibilidade ser uma criança.

ISSO É GLOBALIZAÇÃO, ISSO É CAPITALISMO!!!
Fontes: CHIAVENATO, Júlio José, 1939 - Ética globalizada $ Sociedade de consumo/ Júlio José Chiavenato - 2 ed. reform. - São Paulo: Moderna, 2004.


terça-feira, 9 de abril de 2013

Os conflitos de terra na Amazônia.

 
Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e parte dos estados de Mato Grosso, Maranhão e Tocantins apresentam os maiores índices de ameaças de morte envolvendo disputas por terra, água e razões trabalhistas no Brasil. A informação é da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que divulgou relatório sobre os conflitos no campo em 2011. De acordo com o documento, houve um aumento de 15% no total de ocorrências, em comparação com o ano anterior.
As ameaças envolvem trabalhadores rurais, pequenos proprietários, quilombolas, indígenas, sem-terra e madeireiros, grileiros, fazendeiros e agentes públicos. Os confrontos entre esses grupos saltaram de 1.186 para 1.363, segundo a CPT. Em todo o País, o número de ameaçados de morte evoluiu de 125, em 2010, para 347, em 2011.
“A Amazônia está manchada de sangue e esta mancha continua se espalhando”, declarou Laisa Santos, irmã da líder extrativista Maria do Espírito Santo, executada a tiros junto com o marido, José Cláudio Ribeiro, em maio de 2011, no Sudeste do Pará.
Além das ameaças de morte, a Amazônia concentra 69% do total de conflitos por terra e 79,3% dos assassinatos. Outros dados sobre a região também assustam. De acordo com a Comissão, a região reúne a participação de 52,2% do total das ações violentas dos fazendeiros em todo país; 67,7% do total das ações violentas dos empresários; 86,6% das ações dos grileiros; 96,8% das ações dos madeireiros; 65,1% das ações violentas das mineradoras e 80% das ações dos pistoleiros.
Em todo o País, o crescimento de confrontos mais expressivo diz respeito à luta pelo direito à terra, que compreende as ações ou ameaças de despejos e expulsões, destruição de bens materiais e outras formas de coação contra pequenos proprietários ou famílias que vivem em ocupações, assentamentos ou territórios tradicionais, pistolagem e outros casos.
Para a CPT, o crescimento do número de conflitos prova a necessidade de uma reforma agrária que democratize o acesso às terras produtivas. Para o coordenador da CPT, Edmundo Rodrigues Costa, os dados também apontam para a omissão dos governos federal e estaduais. Para ele, a pouca participação do poder público incentiva e financia essa violência.
“Os dados que a CPT registra, como tem sido dito em diversas oportunidades, são só a ponta de um iceberg. Há muito mais conflitos, violências, dor e morte na imensidão deste Brasil indígena e rural que nunca serão divulgados. O isolamento das comunidades, a falta de sensibilidade diante da situação dos trabalhadores e de um olhar mais atento impedem que a sociedade chegue ao conhecimento desta realidade”, afirma, em nota, a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
 
 
***Alguns casos famosos de execução por causa da posse de terras***
 
CHICO MENDES:
 
Se Chico Mendes já incomodava os ricos e poderosos com suas manifestações contra o desmatamento, ele passa a incomodar muito mais quando começa a ganhar destaque na imprensa internacional e a receber prêmios pelo mundo. Por toda parte, ele ouvirá ameaças de morte. Até que ela virá, conforme anunciada
A luta de Chico pela proteção da floresta e dos povos que a habitam faz com que os bancos estrangeiros suspendam financiamentos prometidos para empreendimentos que viriam a prejudicar a floresta, como asfaltamento de estradas e construção de prédios. Isso é bater de frente com os interesses de empresários e fazendeiros como Tavares. Chico acredita que o trabalho sujo de matá-lo tenha ficado a cargo dos irmãos Darly e Alvarino Alves da Silva, fazendeiros.
O fato é que Chico os incomoda mais e mais. Ele impede que os fazendeiros desmatem as terras que compraram. Depois, por causa da pressão estrangeira, o governo desapropria um seringal para transformá-lo em reserva extrativista, reivindicação de Chico. Na tentativa de deter Darly, Chico aciona alguns conhecidos para investigarem se o fazendeiro tem crimes nas costas. E tem. Com isso, um juiz decreta a prisão de Darly. Só que o tempo passa e ninguém prende o criminoso, talvez porque o escrivão da polícia local seja irmão dele. Chico acaba ficando numa situação ainda mais difícil.
Chico escreve cartas para toda a imprensa anunciando seu assassinato para breve, mas ninguém dá atenção. Até que um dia, ao abrir a porta de casa na intenção de sair para tomar banho, Chico é baleado e morre, bem diante de sua esposa e filhos.
 
 
DOROTHY STANG:
A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.
Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.
No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.
O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heróicas da matrona cristã.
O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro julgamento a 30 anos de prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um terceiro julgamento, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de prisão.
 
 
JOSÉ CLÁUDIO & MARIA DO ESPÍRITO SANTO:
O casal de lideres extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foi executado em Maio de 2011 na cidade de Nova Ipixuna, no sudeste do Pará, cidade a 390 quilômetros de Belém.
A suspeita de Organizações Não Governamentais (ONG’s) e da família de Ribeiro é que ele tenha sido executado por madeireiros da região. Silva era considerado sucessor de Chico Mendes, em referência ao líder dos seringueiros do Acre que foi morto em 1988 por sua defesa da Amazônia.
O casal saiu do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, localizado a cerca de 50 quilômetros da sede do município de Nova Ipixuna, quando foi  cercado em uma ponte por pistoleiros. Ali, eles foram executados a tiros.
José Claudio da Silva vinha recebendo ameaças de madeireiros da região desde 2008. Segundo informações do CNS, desconhecidos costumavam rondar a residência do casal disparando vários tiros para tentar intimidá-los. José Cláudio da Silva era um dos principais defensores da preservação das floresta amazônica após a morte de Chico Mendes e constantemente fazia denúncias sobre o avanço ilegal na área de preservação onde trabalhava por madeireiros para extração de espécies como castanheira, angelim e jatobá.
 
 
Causas do conflito
A Amazônia, por meio do planejamento regional, sempre foi vista como a fronteira de recursos naturais do Brasil, representadas pelas propostas a seguir:
  • Projetos incentivados pela Sudam, voltados para a exploração da madeira e agropecuária;
  • Projeto Grande Carajás, destinado à extração e exportação de minérios;
  • usinas hidrelétricas que exploram o po­tencial hídrico dos rios. As políticas responsáveis por esse planejamento regional transformaram a Amazônia em um grande investimento de capital.
Os grandes projetos e a construção de rodovias atraíram para a Amazônia grandes fluxos migratórios provenientes do Centro-Sul e do Nordeste.
Essa "conquista" da Amazônia desencadeou uma série de conflitos sociais  envolvendo posseiros, grileiros, empresários, jagunços, empreiteiros, peões e indígenas. O resultado foi um grande número de mortos.
 

Posseiros  são agricultores que cultivam pequenos lotes, geralmente há muitos anos, mas não possuem o título de propriedade da terra. Eles têm a posse da terra, mas não os documentos legais registrados em cartórios, que garantem a sua propriedade. São vítimas de fazendeiros e empresas.
Grileiros são agentes de grandes proprietários de terras que se apropriam ilegalmente de extensas porções de terras, mediante a falsificação de títulos de propriedade. Com a ajuda de capangas e jagunços, expulsam posseiros e índios das terras. As terras "griladas" passam ao controle dos novos "proprietários".
Empresários são pessoas ou empresas que adquirem enormes extensões de terra na Amazônia, algumas vezes com títulos de propriedade duvidosos.
Jagunços são homens armados, contratados por grileiros, empresários ou empreiteiros para patrulhar suas terras e expulsar posseiros ou indígenas.
• Empreiteiros são pessoas que contratam os trabalhadores para as grandes fazendas. São também chamados de "gatos" ou intermediários.
• Peões são trabalhadores rurais, recrutados pelos "gatos". Ganham baixos salários e, muitas vezes, trabalham sem carteira assinada, não se beneficiando dos direitos trabalhistas. Eles se iludem com promessas de um enriquecimento que nunca acontece e ficam sempre devendo ao patrão, não podendo deixar o emprego.

 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Coréia do Norte x Coréia do Sul (EUA).



O que foi

A Guerra da Coreia foi um conflito armado entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Ocorreu entre os anos de 1950 e 1953. Teve como pano de fundo a disputa geopolítica entre Estados Unidos (capitalismo) e União Soviética (socialismo). Foi o primeiro conflito armado da Guerra Fria, causando apreensão no mundo todo, pois houve um risco eminente de uma guerra nuclear em função do envolvimento direto entre as duas potências militares da época.

Causas da Guerra

- Divisão ocorrida na Coreia, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Após a rendição e retirada das tropas japonesas, o norte passou a ser aliado dos soviéticos (socialista), enquanto o sul ficou sob a influência norte-americana (capitalista). Esta divisão gerou conflitos entre as duas Coreias.
- Após diversas tentativas de derrubar o governo sul-coreano, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul em 25 de junho de 1950. As tropas norte-coreanas conquistaram Seul (capital da Coreia do Sul).

O desenvolvimento da guerra

- Logo após a invasão norte-coreana, as Nações Unidas enviaram tropas para a região a fim de expulsar os norte-coreanos e devolver o comando de Seul para os sul-coreanos.
- Os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Coreia do Sul, enquanto a China (aliada da União Soviética) enviou tropas para a zona de conflito para apoiar a Coreia do Norte.
- Em 1953, a Coreia do Sul, apoiada por Estados Unidos e outros países capitalistas, apresentava várias vitórias militares.
- Sangrentos conflitos ocorreram em território coreano, provocando a morte de aproximadamente 4 milhões de pessoas, sendo que a maioria era composta por civis.

Fim da Guerra


- Em julho de 1953, o governo norte-americano ameaçou usar armas nucleares contra Coreia do Norte e China caso a guerra não fosse finalizada com a rendição norte-coreana.
- Em 28 de março de 1953, Coreia do Norte e China aceitaram a proposta de paz das Nações Unidas.
- Em 27 de julho de 1953, o tratado de paz foi assinado e decretado a fim da guerra.

Pós-guerra

Com o fim da guerra, as duas Coreias permaneceram divididas e os conflitos geopolíticos continuaram, embora não fossem mais para a área militar. Atualmente a Coreia do Norte permanece com o regime comunista, enquanto a Coreia do Sul segue no sistema capitalista. 



domingo, 7 de abril de 2013

O desastre radioativo em Chernobyl - Ucrânia.


No ano de 1986, os operadores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, realizaram um experimento com o reator 4. A intenção inicial era observar o comportamento do reator nuclear quando utilizado com baixos níveis de energia. Contudo, para que o teste fosse possível, os responsáveis pela unidade teriam que quebrar o cumprimento de uma série de regras de segurança indispensáveis. Foi nesse momento que uma enorme tragédia nuclear se desenhou no Leste Europeu.

Entre outros erros, os funcionários envolvidos no episódio interromperam a circulação do sistema hidráulico que controlava as temperaturas do reator. Com isso, mesmo operando com uma capacidade inferior, o reator entrou em um processo de superaquecimento incapaz de ser revertido. Em poucos instantes a formação de uma imensa bola de fogo anunciava a explosão do reator rico em Césio-137, elemento químico de grande poder radioativo.

Com o ocorrido, a usina de Chernobyl liberou uma quantidade letal de material radioativo que contaminou uma quilométrica região atmosférica. Em termos comparativos, o material radioativo disseminado naquela ocasião era assustadoramente quatrocentas vezes maior que o das bombas utilizadas no bombardeio às cidades de Hiroshima e Nagasaki, no fim da Segunda Guerra Mundial. Por fim, uma nuvem de material radioativo tomava conta da cidade ucraniana de Pripyat.

Ao terem ciência do acontecido, autoridades soviéticas organizaram uma mega operação de limpeza composta por 600 mil trabalhadores. Nesse mesmo tempo, helicópteros eram enviados para o foco central das explosões com cargas de areia e chumbo que deveriam conter o furor das chamas. Além disso, foi necessário que aproximadamente 45.000 pessoas fossem prontamente retiradas do território diretamente afetado.

Para alguns especialistas, as dimensões catastróficas do acidente nuclear de Chernobyl poderiam ser menores caso esse modelo de usina contasse com cúpulas de aço e cimento que protegessem o lugar. Não por acaso, logo após as primeiras ações de reparo, foi construído um “sarcófago” que isolou as ruínas do reator 4. Enquanto isso, uma assustadora quantidade de óbitos e anomalias indicava os efeitos da tragédia nuclear.

Buscando sanar definitivamente o problema da contaminação, uma equipe de projetistas hoje trabalha na construção do Novo Confinamento de Segurança. O projeto consiste no desenvolvimento de uma gigantesca estrutura móvel que isolará definitivamente a usina nuclear de Chernobyl. Dessa forma, a área do solo contaminado será parcialmente isolada e a estrutura do sarcófago descartada.

Apesar de todos esses esforços, estudos científicos revelam que a população atingida pelos altos níveis de radiação sofre uma série de enfermidades. Além disso, os descendentes dos atingidos apresentam uma grande incidência de problemas congênitos e anomalias genéticas. Por meio dessas informações, vários ambientalistas se colocam radicalmente contra a construção de outras usinas nucleares.
 
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola
 
 
 

 

 
 


 
 

Osama Bin Laden: Uma lenda do terrorismo internacional.

 
Osama bin Laden (1957-2011) foi um terrorista saudita. Fundou a organização terrorista Al-Qaeda, que praticou o atentado contra as torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Foi o responsável pelo maior atentado de todos os tempos. No dia 11 de setembro quatro aviões repletos de passageiros, foram sequestrados. Dois foram lançados contra as "torres gêmeas", dois prédios de 110 andares cada, que faziam parte de um conjunto de 7 prédios do complexo do World Trade Center em Nova York. Ao mesmo tempo o terceiro avião atingia parcialmente o Pentágono, prédio das Forças Armadas Americanas. O quarto avião caiu em um campo na Pensilvânia. Depois desses atentados, bin Laden passou a ser o terrorista mais procurado do mundo. No dia 1 de maio de 2011 foi fuzilado.
 
Osama bin Laden (1957-2011) nasceu em Riad, capital da Arábia Saudita , no dia 10 de março. Filho de mãe síria e pai iemenita. Seu pai Mohammed bin Laden, de família pobre emigrou para a Arábia Saudita em 1930. Trabalhando na construção civil fez fortuna construindo palácios e prédios públicos para o Rei Saud. Osama foi educado por professores particulares e teve uma vida de luxo.
Com a morte de seu pai em 1968 bin Laden herdou uma fortuna. Ingressou na Universidade de Engenharia de Jeddah, onde aliou-se ao grupo Mujahidin, comprometido com a libertação da causa islâmica da dominação estrangeira. Ajudou a recrutar jovens muçulmanos e a financiar todas as atividades do grupo. Em 1979 já formado, passa a trabalhar com a família. Nesse mesmo ano a revolução islâmica se opunha à ocidentalização do Irã e o objetivo era depor o Xá Reza Pahlevi. O Irã foi finalmente declarado uma República Islâmica e os soviéticos invadiram o Afeganistão.
Osama bin Laden além de financiar um movimento armado organizado para lutar contra os soviéticos, arrecadava dinheiro, inclusive dos Estados Unidos, para manter o movimento. Em 1988 fundou o Al-Qaeda, um centro operacional para os extremistas islâmicos, onde só eram recrutados membros experientes da guerra do Afeganistão.
Após a retirada soviética em 1989, Bin Laden voltou à Arábia Saudita para trabalhar na empresa da família, mas suas ideias radicais e o contato adquirido com os grupos extremistas o levaram a tentar derrubar a monarquia saudita. Em 1991 foi exilado, perdeu a cidadania saudita e se mudou para o Sudão onde permaneceu 5 anos. A pressão diplomática exercida pelos Estados Unidos obrigou o Sudão a expulsar bin Laden que, em 1996 vai para o Afeganistão sob a proteção do chefe do movimento taliban, Omar Muhammad. Nesse mesmo ano o presidente americano Bill Clinton determina, sem sucesso, que a inteligência americana destrua toda a estrutura criada e assassine Osama.
Sua organização foi responsável por vários ataques nos Estados Unidos, nos países aliados e no Oriente Médio.
 Com o ataque às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001 Osama tormou-se o terrorista mais procurado no mundo. Só em 1 de maio de 2011 uma operação militar surpreendeu o terrorista com um tiro na cabeça. Bin Laden estava escondido na cidade de Abbottabad, próximo a Islamabad capital do Paquistão. Sua morte foi anunciada na TV, pelo presidente americano Barack Obama. Segundo os Estados Unidos o sepultamento foi feito seguindo rituais islâmicos e seu corpo foi jogado no mar.

sábado, 6 de abril de 2013

Os dias em que a cidade que nunca pára, o PCC parou.

O caos e o terror reinaram por cinco dias, em março de 2006, em São Paulo devido às ações da poderosa organização PCC.
A cidade, a mais populosa do país, conta com quase 11 milhões de habitantes, que se tornam mais de 15 milhões se contabilizarmos a população da chamada "Grande São Paulo" (municípios como Guarulhos, Osasco, Santo André, São Bernardo, São Caetano, Taboão, Carapicuíba são praticamente bairros da própria cidade).
Nesse gigantesco aglomerado urbano, que por si só já mostra a irracionalidade do urbanismo capitalista, convivem rotineiramente, lado a lado, a absoluta miséria das favelas com os bairros de altíssimo luxo, as moradias abaixo das condições mínimas de vida não longe de mansões e condomínios fantásticos vistos em poucas cidades do mundo, amontoam-se também barracas de vendedores ambulantes similares àquelas dos países mais pobres do planeta próximas a centros comerciais similares àqueles de Nova York ou Londres.
Nestes cinco dias de terror, toda a rotina desse cenário de opostos foi quebrada, e manifestou-se, de forma abrupta, a enorme violência que se esconde no interior das contradições da cidade de São Paulo e do Brasil. A organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), em operação de verdadeira guerra civil, realizou 251 ataques contestando abertamente o poder de Estado constituído.
Delegacias, postos policiais e carros de polícia foram metralhados, agentes da lei e até bombeiros foram fuzilados, quinze agências bancárias e oitenta ônibus de transporte coletivo foram incendiados.
O pânico tomou conta da população: diversas lojas comerciais, universidades e escolas foram fechadas. Donos de empresas de ônibus, temendo pelo seu patrimônio, não permitiram que os veículos saíssem das garagens. Milhares de paulistanos ficaram sem transporte para chegar ao trabalho. Durante toda a segunda-feira (dia 15), mais de 190 quilômetros de engarrafamento tornaram o trânsito uma verdadeira tragédia, buzinas e sirenes policiais transformavam o barulho do centro em algo ensurdecedor.
Além de tudo isso, diversos presídios se rebelaram e atos de vandalismo ocorriam por todo o país. Tanto na própria São Paulo como em outras cidades próximas, tais como Campinas, e em vários estados do Brasil, tais como Paraná e Bahia, presidiários se levantavam tomando a direção das casas de detenção e também delegacias ou ônibus eram atacados, transformando a população civil em refém do crime organizado. O saldo dos cinco dias de violência, segundo a Secretaria de Segurança Pública, foi de 115 mortes e dezenas de feridos, isto somente na cidade de São Paulo.

Na madrugada da terça-feira (dia 16), ocorreram ainda novos atentados na Grande SP, mas, pela manhã, os ônibus voltaram a circular na zona sul, a mais atingida pelos acontecimentos, com a polícia vigiando os terminais. Nesse dia, boa parte da população, porém, não saiu de casa, e a terça-feira parecia um dia feriado, com poucos carros circulando, com o metro e os transportes sem passageiros. Neste momento, terça-feira à noite, ainda alguns veículos foram queimados, mas, a situação parece ter ser acalmado repentinamente. Como a calmaria rotineira retornou de forma tão súbita?
A negociação com o PCC
Corre o boato que o governador do Estado de São Paulo, Cláudio Lembo, teria negociado com a facção criminosa atendendo algumas reivindicações do PCC. O principal interlocutor dessa negociação seria Orlando Mota Júnior, conhecido como Macarrão, que cumpre pena de 48 anos e oito meses pelos crimes de roubo, furto, formação de quadrilha e receptação. Orlando seria um dos principais líderes do P,cc logo abaixo do líder máximo, Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola.
A rebelião teria começado justamente porque Marcola, Macarrão e outros líderes do PCC haviam sido transferidos para o CRP (Centro de Readaptação Penitenciária) de Presidente Bernardes (589 km de SP), onde ficariam isolados -em RDD, Regime Disciplinar Diferenciado, perdendo toda as regalias e a capacidade de ação que ainda possuem em presídios comuns. Não aceitando essa transferência dos seus líderes, o PCC teria desencadeado os cinco dias de terror.
As rebeliões nos presídios e os ataques teriam sido interrompidos na terça-feira, justamente, porque o governo do Estado teria atendido algumas exigências do PCC. Depois do acordo, Macarrão teria então ordenado através de celular que cessassem as operações criminosas e teria sido imediatamente obedecido por seus milhares de fiéis seguidores. Entre as exigências de Macarrão, fala-se na promessa da parte do governo de não utilizar a tropa de choque -conhecida por sua violência extrema - para conter as rebeliões ocorridas em presídios e o retorno de uma série de regalias para Marcola e outros líderes do PCC.
Tal suspeita de negociação do Estado com a organização criminosa revolta boa parte da população paulista, mas, acontecimentos como esse vêm tornando-se comum no Brasil, já que a corrupção domina a vida política e todas as instituições, mostrando a grave crise que atinge a própria dominação burguesa no Brasil. Além das denúncias escandalosas que envolvem todo o governo Lula, o congresso nacional e mesmo o poder judiciário, recentemente, por ocasião do roubo de armas de um quartel do Exército no Rio de Janeiro, também teria ocorrido negociação similar com o crime organizado. Na época, correram boatos de que as Forças Armadas recuperaram as armas roubadas através de negociação com o Comando Vermelho, outra grande organização criminosa. É como se houvesse uma certa continuidade e complementaridade entre o Estado burguês, expressão da classe dominante em armas, e as grandes organizações criminosas armadas, apoiadas, em certo sentido, na miséria da maior parte da população brasileira, moradora nas favelas.
As origens do PCC no Comando Vermelho
Nessa direção é interessante lembrar as origens do Comando Vermelho. Esta organização teria sido criada em 1979, na época ainda da ditadura militar. Teria surgido no presídio Cândido Mendes, no Rio de Janeiro, a partir do convívio entre presos comuns e militantes políticos. A organização nasceu com conotação política e designava-se "Falange Vermelha" tendo como lema "Paz, Justiça e Liberdade". Controlando inicialmente o tráfico de cocaína no Rio de Janeiro, começou um rápido crescimento distribuindo a droga também para o mercado europeu. Para controlar os pontos de venda, as chamadas "bocas-de-fumo", começou a trabalhar com armamento pesado, armas de alto calibre roubadas do exército ou vindas da Europa, particularmente, da ex-URSS, cuja burocracia vendia a preços acessíveis até armas de defesa antiaérea.
Foi bem essa a trajetória de um dos mais célebres líderes do Comando Vermelho, Fernandinho Beira-Mar. Começou roubando armas do exército brasileiro e logo prosperou, sobretudo, como traficante internacional de armas. Recentemente, inclusive, foi preso na Colômbia, onde tinha grandes negócios com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), recebendo cocaína em troca de armas. Sustenta-se que antes de cisões que atingiram o Comando Vermelho, esta organização chegou a ter 6.500 homens armados diretamente trabalhando nas suas ações e cerca de 300.00 indivíduos em trabalho indireto.Uma de suas cisões foi justamente a origem do P,cc organização que atua mais na cidade de São Paulo e na Baixada Santista, região litorânea do Estado.
Base social e "cultural" das organizações
Como o Comando Vermelho, o PCC tem uma ampla base social nos presídios e nas favelas, tendo milhares de colaboradores. Freqüentemente, essas organizações controlam associações de moradores, clubes, atividades esportivas e musicais, até doando ou obtendo certos pequenos benefícios para a população. Organizam também atividades "culturais", como os bailes funks, onde muita droga e sexo atraem até jovens burgueses ou pequeno-burgueses.
Os cantores funks fazem hinos de exaltação das facções criminosas e até gravam cds elogiando os líderes do Comando ou do PCC. Os cds muitas vezes têm boa captação de som e qualidade técnica refinada, sendo tocados em rádios piratas e vendidos por centenas de vendedores ambulantes no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em cidades da Baixada Santista, no litoral de São Paulo, principalmente, em Santos e em São Vicente, existem funkeiros famosos ligados ao P,cc tais como Renatinho e Alemão, os principais MCs (Mestres de Cerimônias), que gravam álbuns diretamente em homenagem à organização. Por exemplo, no cd "Guerreiro Não Gela", Renatinho e Alemão mandam mensagens a Marcos Willians Herbas Camacho, ou seja, justamente o Marcola, que seria um dos líderes da guerra civil destes dias em São Paulo.
Lembremos que o cd de maior sucesso da dupla Renatinho e Alemão intitula-se "Taleban - Parque dos Monstros", que é como o PCC chama o presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau, local onde estão presos Marcola e Macarrão. Na capa do cd, os dois funkeiros aparecem usando óculos escuros e boné estilo militar, com uma foto do World Trade Center em chamas ao fundo. Em cds apreendidos em presídios, escutam-se rajadas de metralhadoras e ameaças diretas a membros do governo ou da polícia.
Como se vê, essas organizações possuem uma base social ampla que habita nas favelas, um trabalho "cultural" e até uma ideologia difusa que se identifica com atos terroristas contra o poder do Estado burguês e mesmo contra o imperialismo internacional. As organizações criminosas parecem, assim, quase verdadeiros partidos políticos das favelas e da classe trabalhadora, mas, na verdade, evidentemente, não são. Como as torcidas organizadas de times de futebol, que de forma fanática torcem para a sua bandeira, e que também, freqüentemente, enfrentam a polícia, como os membros das escolas de samba, também fanáticos pelo pavilhão da sua comunidade, organizações como o Comando Vermelho e o PCC expressam, na verdade, a ausência de um verdadeiro partido dos trabalhadores e um grande bloqueio para a construção de tal partido.
Essas organizações são, assim, em última instância, aliados e cúmplices do Estado burguês e produtos do próprio capitalismo que parecem, em certos momentos, ameaçar. Por isso, não é espantoso que o Estado negocie com eles, como parece ter feito o governo de São Paulo nesta ocasião. Porém, de forma mais perigosa que as torcidas organizadas de time de futebol ou escolas de samba, organizações como o PCC e o Comando Vermelho, potencializadas por muita droga, armas pesadas e dinheiro, apesar de cúmplices e sócias da burguesia, expressam também a irracionalidade absoluta do sistema capitalista e a sua negação, ainda que indeterminada, uma negação pela barbárie, e os acontecimentos destes cinco dias em São Paulo mostraram que esta negação está presente e já nas ruas.
Os outros cúmplices do PCC
Por outro lado, se o Estado burguês é, sem dúvida, cúmplice do PCC e do Comando Vermelho, não seriam também cúmplices ( e maiores cúmplices) todos aqueles que forjaram falsos partidos dos trabalhadores? Não seriam cúmplices destas organizações criminosas todos aqueles que permitiram e que permitem, com suas traições, que essas organizações criminosas cresçam na classe trabalhadora brasileira?
Nesse sentido, lembremos que aproximadamente na mesma época que surgia o Comando Vermelho, há cerca de 26 anos atrás, outra bandeira vermelha era também hasteada, aquela do PT, aquela do partido hoje no poder e hoje mergulhado em crimes quase similares aos de Fernandinho Beira-Mar, Marcola e Macarrão.
Que dizer de Silvinho Pereira, dos dólares na cueca, dos assassinatos de prefeitos, das máfias do lixo e do transporte coletivo, todos escândalos petistas? Que dizer do "mensalão" que subornou quase todo o Congresso Nacional? Que dizer do "Sombra", uma das figuras sinistras do PT de Santo André? Nesse sentido, todos aqueles que construíram o PT e os centristas que o ajudaram a construir são cúmplices, ainda que indiretos, das máfias petistas e daquela de Marcola.
Hoje, diante dos acontecimentos de São Paulo, alguns partidos ditos "de esquerda", pensando (como sempre) já nas próximas eleições (e apenas, nos possíveis lucros eleitorais), aproveitaram os fatos para atacar os seus potenciais adversários e culpá-los pela falta de segurança. Conforme a posição eleitoral, uns atacam o PSDB e o PFL, outros o próprio PT, pois, saíram dele há apenas alguns anos, outros há alguns meses e ainda, os últimos, que saíram há apenas alguns dias (antes do término do prazo para conseguir outra legenda eleitoral). Outros atacam o "capitalismo neoliberal" como a causa da violência. Seria este último melhor que o capitalismo?
Quantas rajadas de metralhadoras do PCC serão ainda necessárias para calar tal retórica eleitoral e tanta pseudo-teoria destes outros cúmplices indiretos do crime organizado paulista e brasileiro?